O Humanismo em Machado de Assis

02/12/2011 17:13

 

O humanismo em Machado de Assis

 

       O humanitismo como se sabe faz parte de uma filosofia moral, a qual foca o ser o humano como sendo o principal, representando um grau de importância. Sua ideologia está vinculada a posturas éticas, fundamentada sobre a dignidade, anseios e potencialidades do homem, deixando em particular a racionalidade. Diante desse contexto, identifica-se nopersonagem Quincas Borbas uma filosofia baseada na razão, isto é, vive concentrado em teorias fabuladas, representando o lado satírico de ver as pessoas, bem como deixando transparecer a amoral. De certo forma, explica diante do elemento ironiaas ações de Brás Cubas e da sociedade, visto que a filosofia apresentada é criada acerca da visão falsificada e ridícula dos comportamentos humanos da época, as quais se sobrepõem aos princípios éticos implicados na sua base teórica gerada pela filosofia, criticando os vencidos, neste caso, as pessoas que dominavam pelo poder econômico os dominados (elite rica), conforme a teoria: “ao vencedor as batatas”. A seguir veremos um fragmento que fala sobre a dimensão do sentido humanitismo, a qual Quicas Borbas utiliza-se a parábola como recurso para explicar tal fenômeno. Vejamos: 
— Mas que Humanitas é esse? 
— Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível, — ou, para usar a linguagem do grande Camões: 
Uma verdade que nas coisas anda, 
Que mora no visíbil e invisíbil. 
Pois essa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o homem. Vais entendendo? 
— Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó... 
— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. 


    Neste trecho fica muito claro a definição dos valores humanitas, elaborando concepções que refletem diante de questões referente a má distribuição de recursos do espaço social, prevalecendo assim uma lei que percebemos até hoje na sociedade moderna.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tem%C3%A1tica_de_Machado_de_Assis
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/134772

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