literatura: a visão de vários mundos
Arcadismo
Longe da linguagem rebuscada e das preocupações religiosas e místicas a qual o barroco se prendia, nasce no século XVIII um estilo literário o arcadismo. Tendo em vista o caráter de despreocupação das inquietações religiosas, bem como valorização dos bens materiais.
Trecho do poema: Marília de Dirceu
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte, e prado;
Nesse trecho do poema acima de Tomás Antônio Gonzaga identificamos características pagãs que contrariam os valores e princípios dos ideais Barrocos, deixando transparecer a valorização da riqueza. Encontramos nesse referido poema um estilo de vida sem preocupações religiosas. Esta obra retrata a cena em ambiente campestre na qual Dirceu e Marília desfrutam os prazeres do amor. Enquanto Dirceu descreve sua amada pastora dá ênfase também ao ambiente campestre com rebanhos, pastores brincando etc. Logo abaixo temos a prova deste foco:
Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Ali descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!