literatura: a visão de vários mundos
Diante da análise acerca dos textos: O Auto de São Lourenço, a notícia do jornal e o texto do modernista Oswaldo de Andrade. Identificamos uma relação que liga o tema violência, ora em seu aspecto psicológico, ora físico. Em outrora, nos deparamos com o texto Auto de São Lourenço como prova das intervenções que os jesuítas praticavam sobre os índios com o foco de modificar seus costumes, crenças e tradições, mostrando aos indígenas que sua cultura era advinda do poder do mal. Com isso, criaram historias mentirosas para poderem manipular a consciência indígena, deixando bem claro que seus deuses não passavam de demônios a qual os induziam ao pecado. No entanto, os nativos só encontrariam o perdão caso aceitassem o Deus católico. Anchieta cria esta narrativa com objetivo de impor a adoração e medo a Deus. Assim, terão a salvação. Vejamos este fragmento:
Mas existe a confissão,
Bem remédio para a cura.
Na comunhão se depura
Da mais funda perdição
A alma que o bem procura.
Se depois de arrependidos
Os índios vão confessar
Dizendo: Quero trilhar
o caminho dos remidos”.
— O padre os vai abençoar.
A violência psicológica não foi a única a ser aplicada pelos jesuítas, mas a física também, exercida na maioria das vezes pelos portugueses. Por pensarem que os índios eram uma espécie de animais que serviam apenas como escravos, pois isso era da sua natureza. Os portugueses não consideravam os índios como seres humanos. E por isso deveriam ser exterminados e escravizados. Nesse sentido, podemos comprovar o quanto a figura indígena é capaz de provocar ainda comportamentos irracionais, levando algumas pessoas a cometerem atrocidades criminosas, através de ações animalescas. Afinal quem é o selvagem nesta historia? Que age por instintos, com violência psicológica e física. Mesmo com o passar do tempo. Conceitos não foram mudados e atitudes perversas prevalecem como, por exemplo, nesta notícia do portal globo ( 19 de abril de 2007):
“ Há 10 anos, no dia 20 de abril de 1997, cinco rapazes de classe média de Brasília atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul, bairro nobre da capital Federal. Cometido o crime, fugiram, mas um outro jovem que passava por ali, um chaveiro, anotou o número da placa do carro dos assassinos e entregou à polícia. Horas depois, Galdino morreu vítima de queimaduras em 95% do corpo, que foi encharcado por 1 litro de álcool. Galdino chegara a Brasília no dia anterior, 19 de abril, Dia do Índio. Ele participou de várias manifestações pelos direitos dos índios.”
Portal Globo.com, 19 de abril de 2007
A que ponto chega o preconceito das pessoas?
Já no poema de Oswaldo de Andrade, acontece uma diferença em relação aos textos anteriores analisados. O autor deixa entrelinhas os artifícios que os portugueses utilizaram em seu primeiro contato com os índios para conseguirem a interação. Eles ficaram encantados com aquelas pessoas e coisas que estavam ali em sua frente. Também Oswaldo deixa claro que se os portugueses estivessem chegados em outros tempos a qual o índio não era tão pacífico. Eles teriam lutado até a morte, sem ao mesmo ter tido uma troca de palavras. Portanto, os indígenas foram digamos assim, vencidos com aquela magia, encanto que apresentavam. Tendo em vista esta situação, os nativos foram conquistados pelos portugueses.
Referência:
Fascículo de Literatura Brasileira I