literatura: a visão de vários mundos
A primeira manifestação de repúdio as velhas ideias do romantismo em Portugal e de forma explícita veio de um grupo de estudantes da universidade de Coimbrã. Com isso, nasce uma polêmica literária entre a velha geração (romântica) e a nova (realista). Na Europa na metade do século XXI, a cultura era vista nos centros universitários com novos olhos a qual deixava marcas de transformações, novas perspectivas sociais e literárias. Nesse sentido, dois autores criaram suas obras perpassando tais aspectos: Antero de Quental e Teófilo Braga.
Teófilo Braga foi o primeiro autor a publicar seus poemas (Visão Tempos e Tempestades Sonoras), em 1864. No ano seguinte, Antero lança Odes Modernas. Diante da crítica estabelecida pelo poeta romântico António Feliciano de Castilho e a forma como ele tratou as obras dos autores citados acima, surgi uma calorosa polêmica literária, iniciando assim 1865 orealismo em Portugal. Esta polêmica também pode ser considerada como “Questão Coimbrã” ou de “Bom Senso e Bom Gosto”. Antero de Quental responde à crítica violentamente, escrevendo uma carta aberta a qual foi divulgada e intitulada como “Bom Senso e Bom Gosto”, na mesma Castilho é acusado de obscurantismo. Portanto, essa situação passou a ser o marco divisório entre o romantismo e o realismo.
Atualmente, a expressão literária é caracterizada pelo livre arbítrio, ou seja, autores podem se manifestar sem nenhuma censura, porém sempre tem alguém para discordar, mas não é tal como era nesse período. O que podemos destacar entre estas duas escolas literárias (romantismo e realismo) em pleno século XXI são justamente, traços encontrados no nosso cotidiano do estilo de ambas como, por exemplo, no gênero textual jornal. Ele é um instrumento de comunicação utilizado também para expressar a insatisfação com a sociedade, criticar a ganância, a hipocrisia, a corrupção dos indivíduos. Diante desse contexto identificamos características voltadas aos interesses dos autores realistas ao analisarem e descreverem a sociedade da época. Já no romantismo, basta assistirmos as novelas apresentadas pelas emissoras do Brasil e do mundo. As novelas são geradas a partir das emoções, misticismo, sentimentalismo, paixão, sensibilidade e entre outros aspectos. Podemos afirmar que não estamos totalmente desprendidos dos traços literários do romantismo e nem tão pouco dorealismo.
Eça de Queiroz se destaca como grande prosador por ter reunido na sua trajetória de vida pessoal, bem como histórica e intelectual um enorme carga de conhecimento. Esses pressupostos deram ao autor o reconhecimento, chegando a ser alcançado, próximo a Garret, assim tornou-se o divisor linguístico entre as visões tradicionais e modernas. Podemos destacar sua influência em Portugal e também no Brasil no século XX. Segundo Massud Moisés: “Eça de Queiroz cultivou o romance, o conto, jornalismo, a literatura de viagens e a hagiografia” (264:2008).
Diante desse contexto, comprovamos o quanto José Maria Eça de Queiroz contribuiu de forma significativa para a produção literária da época, a qual pode ser organizada em fases.
1ª fase: dá início a elaboração de artigos e Crônicas (1866 e 1867)
2ª fase: é advindo da publicação de O Crime do Padre Amaro (1875)
3ª fase: corresponde aos anos seguintes à publicação de Os Maias (1888) e estende-se até a morte do escritor (1900).
Sendo o escritor realista da literatura portuguesa, Eça de Queiroz é o observador e investigador da sociedade portuguesa do período, porém não tinha a dádiva de ser psicólogo e a imaginação transfigurada, características dos gênios da literatura. Contudo, consagrou-se mediante ao domínio e brilho do estilo. Portanto, este prosador mostra em sua linguagem o saber inconfundível a qual deixa marcas em leitores da atualidade, concretizando o mérito do seu trabalho literário. Enfatizamos ainda que sem dúvida ele está entre os grandes escritores mais lidos de hoje.
Referência: Moisés, Massuad. A literatura Portuguesa. São Paulo, Cultrex, edição 36ª, 2008.